Teresinha Raquel Salvador Pertile, aos 52 anos, a trajetória de superação e persistência de uma mulher simples, moradora do interior, tem inspirado colegas, professores e toda a comunidade. Casada com Valdir Alberto Pertile e mãe de cinco filhos, ela decidiu retomar os estudos depois de uma longa pausa, e hoje está no quarto semestre da faculdade de Pedagogia.
Em entrevista ao nosso jornal (Jornal Tribuna Colonial), ela compartilha sua história marcada por desafios, força de vontade e um sonho que resistiu ao tempo: o de se formar e trabalhar com crianças.
Jornal: Como foi sua relação com a escola durante a infância?
Teresinha: Eu estudei até a quarta série do ensino fundamental. Meus pais não tinham condições de manter eu e meus irmãos na escola, porque na época tudo era pago, até o transporte. A gente morava no interior, e aí ficamos sem estudar.
Jornal: Quando decidiu retomar os estudos?
Teresinha: Casei aos 16 anos com o Valdir, e sempre moramos na zona rural. Tive minhas quatro filhas — Tatiane, Dadielli, Ramona e Bianca — e mais tarde, já morando em São José, tive o caçula, Ricardo. Mesmo com a rotina puxada, eu nunca desisti de estudar. Todos os anos, eu e o Valdir fazíamos supletivo, que era a única alternativa na época. Assim consegui terminar o fundamental.
Jornal: E como foi a transição para o ensino médio e depois para a faculdade?
Teresinha: Depois o supletivo acabou, e passamos a fazer o Encceja. Foi por meio dele que concluí o ensino médio. Logo no ano seguinte consegui iniciar a faculdade de Pedagogia, e hoje estou no quarto semestre. No começo foi muito difícil, porque fazia muito tempo que eu não estudava, mas agora estou me saindo melhor. Este ano até consegui uma vaga na aula de informática da biblioteca, com a professora Thais, que tem me ajudado bastante.
Jornal: O que te motiva a seguir estudando?
Teresinha: Sempre tive esse sonho guardado dentro de mim. Amo trabalhar com crianças. Hoje eu atuo como operária em uma escola infantil, mas meu maior desejo é poder estar dentro de uma sala de aula, ajudando a formar essas crianças, cuidando delas com carinho e ensinando. Gosto muito do que faço.
Jornal: Que mensagem você deixaria para outras pessoas que também pensam em voltar a estudar, mas acham que já passou o tempo?
Teresinha: Nunca é tarde. Se a gente tem vontade e corre atrás, a gente consegue. Eu demorei, enfrentei dificuldades, mas não desisti. Hoje vejo o quanto valeu a pena. Estudar transforma, dá esperança e abre caminhos. E enquanto eu tiver forças, vou seguir aprendendo.
Teresinha é uma inspiração viva de que a educação pode transformar vidas em qualquer fase. Sua história é uma prova de que a idade não é um obstáculo, e sim uma oportunidade de mostrar que sonhos não têm prazo de validade.
Fonte: Thiago D`Avila, Jornal Tribuna
