Escrito por 17:36 Crissiumal

Casos de maus-tratos contra idosos crescem 55% em seis anos no RS e revelam realidade alarmante

Os casos de maus-tratos contra idosos aumentaram cerca de 55% em seis anos no Rio Grande do Sul, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Em 2019, foram registrados 709 episódios. Já em 2024, esse número chegou a 1.101. Somente nos primeiros cinco meses de 2025, já foram contabilizados 422 casos, o que evidencia a persistência do problema.

Ao todo, em 2024, o Estado registrou 3.448 ocorrências de crimes contra pessoas com 60 anos ou mais, incluindo abandono, apropriação indébita de bens e outras formas de violência. A delegada Ana Casuso, titular da Delegacia de Proteção ao Idoso da Capital, destaca que os maus-tratos vão além da agressão física: há também violência emocional e psicológica.

Segundo Casuso, muitos casos têm origem no convívio com familiares dependentes de álcool ou drogas, que usam o idoso como fonte de renda. Em alguns casos, os agressores acabam furtando ou agredindo os idosos para sustentar seus vícios.

Dentro de casa e em instituições

O ambiente doméstico é o local mais comum para os abusos, mas instituições de longa permanência também registram ocorrências. Em junho de 2025, uma idosa de 84 anos foi resgatada em Rio Grande, após denúncias de maus-tratos feitas pelas netas. O filho da vítima, de 47 anos, foi preso, acusado de usar o cartão de benefícios da mãe para comprar bebidas. Solto um dia após a prisão, ele responde ao processo em liberdade.

Já em setembro de 2024, uma casa geriátrica em Canoas foi interditada por ordem do Ministério Público, após denúncias de tortura e maus-tratos. Duas cuidadoras foram presas em flagrante. A investigação reuniu áudios em que as profissionais ameaçavam os idosos com frases como: “nós vamos botar ele na cadeira amarrado lá no quarto”.

Medo do abandono

O medo de ser internado em uma instituição faz com que muitos idosos suportem a violência calados. De acordo com a delegada, muitos preferem continuar em ambientes abusivos a denunciar os agressores.

“Dentro da família eles são maltratados, mas preferem aquela situação a serem colocados num lar de longa permanência”, afirma.

Em 2024, o RS registrou 310 casos de abandono, um aumento de 50% em relação a 2019. Em 2025, de janeiro a maio, já são 87 casos.

A dependência emocional e financeira em relação aos familiares também impede a denúncia. “O idoso quer sair, mas não tem para onde ir”, completa Casuso.

Números gerais e penas mais duras

O panorama mais amplo aponta um total de 3.448 crimes contra idosos em 2024, número próximo ao de 2023, que teve 3.389 casos. Apesar da queda de 17% no número de registros em 2025 até maio, o volume ainda é considerado alto. A delegacia especializada conta com cerca de 5 mil inquéritos abertos e recebe até 20 denúncias por dia.

Em julho de 2025, foi sancionada uma nova lei que endurece as penas para crimes contra idosos. Agora, a punição para maus-tratos e abandono pode variar de 2 a 5 anos de prisão, podendo chegar a 14 anos em casos de morte da vítima.

Golpes online também preocupam

Outro ponto de atenção são os crimes cibernéticos contra idosos. O delegado Eibert Moreira Neto, do Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos, alerta para golpes envolvendo ofertas falsas, links suspeitos e perfis falsos.

Dicas de segurança incluem:

  • Verificar sites antes de compras online;
  • Evitar fornecer dados pessoais por links enviados;
  • Nunca aceitar brindes de desconhecidos ou tirar selfies a pedido de estranhos.

A violência contra a pessoa idosa é um problema crescente e complexo no RS, que exige vigilância constante da sociedade, maior fiscalização e o fortalecimento de políticas públicas de proteção.

Fonte: Gaúcha ZH

Foto: Mateus Bruxel / Agencia RBS