
4 de agosto de 2025Foto: Divulgação
A Gerdau, uma das maiores produtoras de aço das Américas, anunciou a demissão de 1,5 mil colaboradores e a suspensão de parte dos investimentos programados no Brasil. A informação foi confirmada pelo presidente da companhia, Gustavo Werneck, em entrevista à Revista Oeste, publicada na última quinta-feira (31).
Segundo Werneck, a decisão reflete a perda de competitividade da indústria nacional, impulsionada por custos operacionais elevados e pela falta de políticas públicas voltadas à produção. “Estamos sendo penalizados por decisões equivocadas, como incentivar veículos elétricos sem uma base industrial nacional, enquanto o Brasil importa aço da China em condições desiguais”, afirmou.
Pressão da concorrência internacional
A Gerdau alerta que o aço chinês tem chegado ao país com subsídios e vantagens que tornam inviável competir de forma justa. Werneck criticou o ambiente econômico brasileiro, citando carga tributária elevada, energia cara e uma política industrial “desconectada da realidade”.
Ele também apontou os incentivos à importação de veículos elétricos como fator de substituição da indústria nacional por produtos estrangeiros. “Não se trata de uma transição energética, mas da desindustrialização em curso”, declarou.
As demissões impactam unidades da empresa em diversos estados, embora a Gerdau ainda não tenha especificado quais operações serão afetadas. Atualmente, a companhia emprega cerca de 35 mil pessoas em 10 países, sendo 16 mil delas no Brasil.
Redução nos investimentos
O plano de investimentos da Gerdau previa cerca de R$ 12 bilhões entre 2021 e 2026. Parte desses recursos será redirecionada, conforme o presidente. “Vamos continuar investindo onde o ambiente for mais favorável. Neste momento, o Brasil deixou de ser essa opção”, disse Werneck.
A tendência é que os aportes mais significativos passem a ocorrer em mercados como Estados Unidos e outros países da América Latina, onde a empresa mantém forte presença.
A notícia provocou preocupação entre sindicatos e representantes do setor industrial. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) voltou a alertar sobre os efeitos da desindustrialização e a necessidade urgente de uma política industrial sólida para preservar empregos e estimular o crescimento do setor.
Projeto segue em Minas Gerais
Apesar do cenário desafiador, a Gerdau destacou que mantém em andamento um dos maiores projetos de sua história em Minas Gerais. Trata-se da expansão do Projeto Itabiritos, em Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto, que conta com investimento de R$ 3,2 bilhões e previsão de início das operações no primeiro semestre de 2026.
Cerca de 4.500 pessoas já trabalham nas obras. A nova planta produzirá 5,5 milhões de toneladas de pellet feed por ano, destinadas à usina da Gerdau em Ouro Branco, a maior da empresa no estado.
O projeto utiliza tecnologia de empilhamento a seco, sem uso de barragens, o que reduz o impacto ambiental e contribui para a segurança operacional. Também prevê redução nas emissões de gases de efeito estufa por tonelada de aço produzida.
“Estamos transformando a região de Miguel Burnier com um projeto que alia competitividade e sustentabilidade. Queremos que a comunidade se sinta parte dessa transformação”, declarou Maurício Metes, vice-presidente de Operações da Gerdau Aços Brasil.
Além das instalações de produção, a expansão contempla estruturas logísticas que reforçam o compromisso da companhia com a operação em Minas Gerais, mesmo diante das dificuldades enfrentadas em outras regiões do país.
Fonte: Mais Minas