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MORADORES FAZEM ABAIXO-ASSINADO PARA DEFENDER PADRE CONDENADO POR ESTUPRAR COROINHA

Uma notícia tão inacreditável quanto a do crime. Mesmo após a condenação definitiva de Alceu Zarino Marino, 67 anos, ex-padre da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, de Riozinho, parte da comunidade local elaborou e assinou um documento em defesa do religioso — condenado a 14 anos de prisão por abusar sexualmente de um coroinha e ajudante da paróquia.

O texto, intitulado “Atestado e Comprovação de Idoneidade”, circulou na cidade poucos dias após a prisão do ex-sacerdote, ocorrida na quarta-feira (5). No documento, moradores afirmam que Marino “cumpriu admiravelmente sua missão religiosa”, descrevendo-o como um homem de “humanidade, humildade e respeito”. A carta ainda o compara a Jesus Cristo, referindo-se a ele como exemplo de fé e reverência.

O abaixo-assinado contém nomes, RGs e CPFs de moradores que atestam a suposta “idoneidade” do ex-padre, ignorando o teor da sentença judicial. Segundo o processo, Marino abusou de um adolescente ao longo de seis anos, entre 2013 e 2019, aproveitando-se da posição de autoridade e da confiança inerente à função sacerdotal.

A denúncia foi registrada em 2020, após a vítima — já maior de idade — procurar a Polícia Civil e relatar os abusos. Depoimentos dos pais e da psicóloga que acompanhou o jovem, além de mensagens de celular e laudos periciais, embasaram a condenação. O Ministério Público denunciou Marino por estupro de vulnerável e atos libidinosos diversos da conjunção carnal, com reconhecimento de continuidade delitiva (art. 71 do Código Penal) e agravante por autoridade religiosa (art. 226, II).

Na quarta-feira da semana passada (5), o estuprador e ex-padre foi localizado na localidade de Barra do Ouro, interior de Maquiné, após ação conjunta das Delegacias de Nova Petrópolis, Riozinho e Maquiné, sob coordenação do delegado Fábio Idalgo Peres.

A divulgação do abaixo-assinado, porém, gerou revolta nas redes sociais e entre moradores do próprio município e de outras cidades da região. Muitos classificaram a iniciativa como “vergonhosa” e “um insulto às vítimas de abuso”. Destacam que manifestações como essa reforçam o silêncio e o medo que cercam vítimas de violência sexual — especialmente quando o agressor ocupa posição de poder ou liderança espiritual.

Informações: O Diário

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