Em resposta ao bombardeio promovido pelos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas, o Parlamento do Irã aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, uma das principais rotas de transporte de petróleo do planeta. A decisão foi noticiada pela imprensa estatal e ainda depende da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, para entrar em vigor.
Se confirmado, o bloqueio interromperia o transporte de aproximadamente 30% do petróleo comercializado no mundo. A decisão iraniana está sendo interpretada como uma retaliação direta ao ataque dos EUA contra três instalações nucleares no país.
A região do Estreito de Ormuz, localizada entre Omã e Irã, tem importância estratégica para o comércio global de óleo e gás. O controle das operações no local é garantido pela 5ª Frota da Marinha dos Estados Unidos, com sede no Bahrein.
Riscos para o mercado global de petróleo
A aprovação do bloqueio pelo Parlamento iraniano provocou uma alta expressiva nos preços do barril de petróleo. O Brent, referência global, saltou de US$ 69,36 para US$ 78,74 em uma semana, registrando alta de 13,5%. Já o WTI, referência para o mercado americano, subiu de US$ 66,64 para US$ 73,88, avanço de 10,9%.
Analistas do JPMorgan alertam que, no pior cenário, o fechamento do estreito poderia levar o barril a alcançar entre US$ 120 e US$ 130.
Embora o Irã já tenha ameaçado fechar o Estreito de Ormuz em diversas ocasiões ao longo dos anos, especialmente após a ruptura do acordo nuclear em 2019 por Donald Trump, essa decisão não chegou a ser implementada.
Importância estratégica do Estreito de Ormuz
Com apenas 33 km de largura no ponto mais estreito e com rotas de navegação reduzidas a 3 km por direção, o Estreito de Ormuz concentra cerca de um quinto do transporte global de petróleo. De 2022 a maio de 2025, uma média de 17,8 a 20,8 milhões de barris por dia passaram por suas águas, segundo dados da Vortexa.
Grandes produtores ligados à OPEP — como Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque — dependem fortemente dessa passagem para exportar seu óleo para a Ásia e o restante do mundo. O Catar, por sua vez, realiza quase toda a exportação de seu gás natural liquefeito pela mesma via.
Embora Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos tentem diversificar suas rotas de exportação para não ficarem reféns do Estreito de Ormuz, o impacto econômico e logístico de um possível fechamento poderia desestabilizar não apenas o Oriente Médio, mas toda a cadeia global de energia.
Foto: REUTERS/Hamad I Mohammed (File Photo)
Fonte: G1