Servidor recebia propina para facilitar entrada de drogas e celulares na cadeia; investigação aponta ligação com facção criminosa da Fronteira Oeste.
Uma operação conjunta do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e da Corregedoria da Polícia Penal revelou um esquema de corrupção dentro do Presídio Estadual de São Borja (PESB), envolvendo um policial penal e detentos ligados a uma facção criminosa. A ação ocorreu nesta quarta-feira, 28 de maio, e resultou no cumprimento de mandados em São Borja, Itaqui e Farroupilha.
Segundo o promotor de Justiça João Afonso Beltrame, coordenador do 8º Núcleo Regional do GAECO – Central, a investigação apontou que o servidor recebia valores em dinheiro para permitir a entrada de drogas, celulares e outros materiais ilícitos no presídio. Pelo menos duas situações irregulares já foram confirmadas.
Denominada Operação PESB2, a ofensiva mobilizou cerca de 80 agentes do GAECO, do Grupo de Ações Especiais da Polícia Penal e da Brigada Militar, que cumpriram oito mandados de busca e apreensão, além de medidas de quebra de sigilos bancários, fiscais e telemáticos.
Na casa do policial penal investigado, os agentes localizaram drogas, o que motivou sua condução à delegacia para esclarecimentos. Após prestar depoimento, ele foi liberado, mas teve o afastamento de suas funções determinado judicialmente. A Polícia Penal também adotará medidas administrativas para seu afastamento.
Dentro do presídio, os agentes recolheram celulares e drogas nas celas de dois apenados identificados como líderes da facção criminosa. Os detentos são investigados por crimes como homicídio, tráfico de drogas, extorsão, lavagem de dinheiro e corrupção.
A investigação, que começou após denúncia da Corregedoria da Polícia Penal, ganhou força em novembro do ano passado, quando câmeras de segurança flagraram o servidor recebendo um envelope dos detentos. Posteriormente, ele foi abordado com cerca de R$ 1 mil em dinheiro no bolso do uniforme, o que levantou suspeitas e levou à abertura do inquérito.
Além de São Borja, mandados de busca foram cumpridos em residências de investigados em Itaqui e Farroupilha, incluindo pessoas próximas aos detentos, suspeitas de participação no esquema. A operação contou ainda com o apoio dos promotores André Dal Molin, Manoel Figueiredo Antunes, Laís Saboia Souto e Janice Katherine dos Santos Barros.
Os crimes investigados são: organização criminosa, corrupção ativa e passiva, entre outros. A apuração segue em andamento, com o objetivo de identificar a extensão do esquema e possíveis novos envolvidos.

Com informações do MPRS
Fotos: Grégori Bertó | GABCOM/MPRS