O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) anunciou uma força-tarefa para oferecer acolhimento e suporte psicológico às vítimas de um chocante caso de abuso sexual infantil em Taquara, no Vale do Paranhana. As investigações da Polícia Civil já identificaram 158 crianças e adolescentes como vítimas de um homem de 36 anos, mas um levantamento inicial aponta para um número alarmante que pode ultrapassar 700 ao longo de mais de uma década.
Diante da magnitude do caso, o MPRS acionará o projeto das Centrais de Atendimento às Vítimas e Familiares de Vítimas de Crimes e Atos Infracionais. Essa iniciativa visa contatar ativamente as crianças, adolescentes e seus responsáveis para oferecer espaços seguros de acolhimento e apoio psicológico nas Promotorias de Justiça de sete municípios do estado. O atendimento será realizado conforme os expedientes forem encaminhados ao Ministério Público.
Alessandra Moura Bastian da Cunha, coordenadora do Centro de Apoio Operacional Criminal e de Acolhimento às Vítimas, enfatizou a importância da ação: “A busca ativa realizada pelo MPRS, através das Centrais de Atendimento às Vítimas espalhadas pelo Estado, busca garantir que cada uma das crianças e adolescentes, assim como suas famílias, receba o acolhimento necessário. Este trabalho é essencial porque ressignifica o papel das vítimas no processo penal, assegurando que seus direitos sejam plenamente respeitados e que elas possam participar ativamente na busca por justiça”.
O caso veio à tona em janeiro deste ano, quando uma menina de nove anos revelou à mãe estar sendo ameaçada online. O acusado, conhecido como “predador sexual de Taquara”, foi preso em flagrante em sua residência, onde a polícia apreendeu vasto material digital contendo centenas de imagens de pornografia infantil. O Ministério Público já se manifestou pela manutenção da prisão do investigado.
Em 11 de fevereiro de 2025, o MPRS em Taquara formalizou a primeira denúncia contra o homem por três crimes: armazenamento de pornografia infantil, assédio e instigação de uma criança de nove anos a produzir fotos íntimas, além de ameaça de divulgação do material na internet. A denúncia detalha que, entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, o acusado assediou e induziu a menina, em diversas ocasiões, a enviar fotos de suas partes íntimas pelo Instagram, ameaçando divulgar as imagens caso ela não enviasse mais fotos e vídeos em poses sexuais. Esses arquivos foram encontrados durante o cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência e comércio do denunciado, onde foram apreendidos um HD e um telefone celular.
Após essa primeira denúncia, o MPRS já atuou em outros oito casos relacionados ao mesmo réu, emitindo pareceres pela prisão e solicitando depoimentos ou escutas especiais, dada a vulnerabilidade das vítimas, visando evitar a revitimização.
A subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Isabel Guarise Barrios, ressaltou o trabalho contínuo do MPRS desde a prisão do acusado e nos casos subsequentes. Ela também fez um apelo aos pais: “É fundamental que este caso terrível sirva de alerta para os pais, que precisam acompanhar a vida online dos filhos, que são crianças e adolescentes correndo graves riscos nas redes sociais”.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul demonstra um firme compromisso em oferecer suporte integral às vítimas e buscar justiça neste caso de extrema gravidade, enquanto a investigação continua a desvendar a extensão total dos crimes cometidos.
Foto: Reprodução / Internet – Ilustrativa
Fonte: MP-RS